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Exposição com inauguração marcada para as 16horas do dia 13 de Abril de 2019. Patente até 4 de Abril de 2019.

sexta-feira, 5 de abril de 2019

Poema em prosa para Constância Nery - Julieta de Andrade

Poema em prosa para Constância Nery

Verso I: A infância
Os quadros são estes, cheios de beleza; não fossem, aqui não estariam.
Quem os fez é assim: jeito de imensa ternura pelo ser humano, amor cristalino pela vida espontânea, pela natureza.
Aqui meninas giram em grande corrupio, em sentido oposto ao da roda anterior, nos cabelos, a infância correndo contra os sopros dos ventos. Nos braços, nas mãos dadas, nos pés, a pujança da expressão da vontade, a despeito da roda rompida. Na força da líder, olhos de inocência.
Verso II: O homem e a natureza
Constância, teus quadros são como a tua alma: completos porque conjugam sublimações em linguagem múltipla: poesia, arquitetura, música, pintura, por caminhos singelos da vida em si mesma.
Tua obra reflete um modo peculiar de aprender momentos do dia-a-dia para refundi-los em transparências de filós, compridas crenças processuais com velas e andores, cores quentes de frutos maduros emoldurados em folhas tropicais.
No centro, a figura humana, sentimento de gente, valorização do trabalho dos mais simples, homens elevados à perfeição franciscana interpretando o Hino à Vida, maior Bem que existe.
Verso III: A prece
Ave, Constância, cheia de graça!
Bendita seja pelo que fazes! Anjos dos quatro cantos estejam contigo e, sobre teus dias, ergam o translúcido Manto-Véu de Deus, que cobre os que penetram a beleza da Criação e a traduzem em obra humana, para enfeitar a Vida!
Reconhecida sejas; que os visitantes possam sentir, nos teus quadros, o resgate do valor dos heróis sem nome que a História não registra, mas que dão sentido à nossa Cultura.
Em 1991, quando as tardes
de São Paulo começam a esfriar

Julieta de Andrade
(Julieta de Andrade é professora, advogada, escritora, musicista, doutorada em antropologia e especialista em pesquisa de cultura espontânea). Texto publicado em Catálogo da Galeria Jacques Ardies, São Paulo, Brasil. 1991

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